A vida em Bon Temps estava relativamente calma, quão sossegada pode estar numa cidade em que metade das pessoas diz mal da outra metade.
Neste dia, no bar, o movimento não era muito, pelo que aproveitei para me sentar e falar um pouco com Sam, que limpava o balcão.
- Então continuas a ver aquela rapariga de Dallas, a metamorfa? – perguntei curiosa. Era estranho para mim falar com Sam desses assuntos, em parte porque era meu patrão, e por outro lado sabia que tinha gostado de mim.
- A Luna?? Sim. Ela é muito… como dizer diferente. Mas tenho aprendido bastante com ela, e com todos os outros, nem sabes no que nos podemos transformar.
Ui, pensei eu, ia ter mais cuidado quando visse uma formiga ou simples bicho-de-conta a passear-se pela minha varanda.
- Ainda bem Sam, pensei que este tipo de realidades acabava com a descoberta dos vampiros, mas apenas…
Não consegui acabar a minha frase, nesse momento, Luna, a metamorfa que me tinha ajudado em Dallas, há algum tempo, entrou no bar, mais magra, meio cambaleante e com a cara marcada por uma mancha de sangue seco, vinha em muito mau estado. Corri para a amparar…
- Sookie, ainda bem que consegui chegar aqui, eles… eles.. – disse ela com dificuldade – eles descobriram que nós existimos.
- Eles quem? – perguntei. Mas antes de me responder Luna morreu nos meus braços. Fiquei aterrada. O telefone do bar, que começou a tocar naquele momento, quebrou o silêncio que se tinha formado.
Um Sam petrificado mexeu-se para atender. Eu compreendia o que lhe passava pela cabeça. Quando finalmente encontrava alguém, essa pessoa morria.
- Sookie, é o Bill. – Disse-me Sam, passando-me o auricular.
Ouvi a voz de Bill – Sookie, avisa o Sam e tem cuidado, a Irmandade do Sol é mais poderosa do que pensávamos. Em apenas algumas semanas voltou a reconstruir-se, tem chefes em locais elevados da política e polícia…. e eles descobriram a existência de outros seres especiais. Estamos todos em perigo. Não lhe consegui responder… a Irmandade do Sol voltava. E agora que ia ser de nós criaturas, seres e pessoas diferentes estaríamos condenados, para onde iríamos… Com Luna nos braços fiquei sentada no chão do bar, a pensar no que iria acontecer-me.